terça-feira, 12 de março de 2013

Doação de Arco de Violino



   
  

Foto (créditos Dashmesh / Cláudia Baarsch) tirada na aldeia Tiara jú de Araquari - instrumentos utilizados pelos Guaranis





       A aldeia indígena Morro Alto, localizada no município de São Francisco do Sul, está precisando de um arco de violino. As tribos indígenas têm o canto como uma forma de repassar para os jovens os conhecimentos, além de este ser uma forma de conexão com a natureza. Os indígenas em nossa região utilizam instrumentos como o violino, violão, tambor, taquara de bambú e o chocalho para ditar o ritmo dos cantos.


      Você, que por um acaso tem um arco de violino simples em casa encostado ou mesmo possa contribuir para a compra de um (que pode variar de R$ 30,00 a R$ 90,00), entre em contato com o grupo TIARAJUS - Técnicos Associados contra o Racismo Ambiental e pela Justiça Social.


Contatos: (47) 9938-2062 - Mari ou (47) 9938-9456 - Cláudia / Dash e no endereço de e-mail aldeiatiaraju@gmail.com




Agradecemos desde já

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Poesia - O Silêncio


O Silêncio

Nós os índios, conhecemos o silêncio. Não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento.
"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes.
Observa os anciões para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás.
Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de "resolver um problema".
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir.
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríamos pensar nas suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.

"Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder" (
Nem Lobo nem cão. Em estradas esquecidas com uma pessoa idosa indiana) - Kent Nerburn
 
Fonte: O Bosque de Berkana - www.facebook.com/pages/O-Bosque-de-Berkana/206807786067043

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Incêndio criminoso em aldeia na Barra do Sul



Incêndio em Casa de Reza Guarani pode ser considerado criminoso

Um dos primeiros ensinamentos que recebemos quando chegamos a uma aldeia Guarani está na importância da Casa de Reza, a Opy, que, como dizem, é a universidade, o hospital e a igreja Guarani. A dimensão da importância da Opy para os indígenas talvez seja difícil de alcançar com palavras, mas, quando se está dentro dela e se permite sentir sua boa energia, logo se percebe sua importância para a cultura e a religiosidade deste povo.
As imagens mostram um incêndio criminoso acontecido no dia 07 de dezembro de 2012, ocorrido na aldeia Jatay ty, ou Conquista, em Barra do Sul, próximo a São Francisco do Sul, litoral norte do estado de Santa Catarina, um ato de violência extrema, divergindo de uma possível convivência pacífica e de respeito às diferenças entre povos. As chamas que queimam a Casa de Reza são as mesmas que queimam as esperança de convivência num mundo harmônico e justo, são as chamas que queimam a liberdade de expressão da religiosidade e da cultura do modo de vida tradicional dos povos indígenas. 



É importante ressaltar que, por trás delas, existem interesses nos conflitos da luta pelas terras, pois considera-se a possibilidade de retaliações contra a demarcação das Terras Indígenas desta região e, portanto, contra o direito destes povos a terras suficientes para viverem de acordo com o seu modo tradicional. Felizmente, estas chamas foram mal colocadas, pois estas não matam a esperança dos Guaranis de um dia, quiçá, poderem viver em paz em suas terras. Os Guarani estão bastante assustados e temerosos de novos atos de violência também nas Terras Indígenas próximas a esta.
Vamos denunciar o descaso com esses povos. Pelo fim da violência contra os povos indígenas.